segunda-feira, 30 de setembro de 2013

IDHM DE EDUCAÇÃO: CONHEÇA AS 5 CIDADES HÁ 20 ANOS ABAIXO DA MÉDIA

O avanço na educação chegou aos locais mais afastados do Norte do País. Mas a situação na região era tão precária há 20 anos que, mesmo melhorando entre quatro e 12 vezes o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de Educação, divulgado neste ano e referente a 2010, cinco cidades apresentam um cenário abaixo da média nacional em 1991.

Os cinco últimos colocados no ranking tiveram índices de educação menor do que 0,279, resultado geral brasileiro em 1991: as cidades paraenses de Melgaço e Chaves, além de Atalaia do Norte e Itamarati, no Amazonas, e Uiramutã, em Roraima.

Uma delas tem hoje 3% dos jovens no ensino superior - número baixo, mas um avanço em relação ao registrado 20 anos atrás, quando a cidade não tinha nenhum universitário. Outra localidade viu seu IDHM de educação crescer oito vezes, mesmo assim, praticamente metade da sua população é analfabeta.

Segundo dados do relatório do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), dos 1.588 municípios que apresentaram crescimento muito acima da média, 58,7% estão localizados na região Nordeste e 15,3% na região Norte. Ao mesmo tempo, essas duas regiões tem mais de 90% de seus municípios nas faixas de baixo e muito baixo no índice de educação.

Com ainda muito a melhorar, o Norte brasileiro precisa vencer desafios como a dificuldade de acesso de comunidades ribeirinhas e indígenas à escola e a deficitária capacitação de boa parte de seus professores. Conheça, a seguir, um pouco mais sobre as cinco cidades cuja educação não ultrapassou o IDHM brasileiro de 20 anos atrás.

Faltam professores indígenas em Uiramutã
Uiramutã é um pequeno município de Roraima com 8.375 habitantes, localizado próximo à divisa com a Guiana. Seu IDHM de Educação subiu de 0,045 em 1991 para 0,276 em 2010, cerca de seis vezes. A cidade, que ficou com o quinto pior índice, tem 90% da população indígena. Segundo dados do Censo Escolar 2012, os estudantes indígenas estão distribuídos em 248 escolas e representam 65% dos matriculados na rede estadual do município. Na maioria das aldeias, fala-se apenas a língua indígena.

Em relação à frequência escolar, das crianças de 6 a 14 anos, 39,79% não frequentavam a escola em 2010. Já entre os jovens de 15 a 17 anos, 38,42% cursavam o ensino fundamental. Da população adulta, 38,5% é analfabeta. Em 2010, a expectativa de anos de estudo entre as crianças foi de 4,73. Exceção entre as cinco piores cidades, Uiramutã viu essa média cair: em 1991, se esperava um período de 5,53 anos na escola.

Entre as explicações para o baixo índice está o difícil acesso às escolas e a falta de capacitação dos docentes. A professora Ineide Izidorio Messias, chefe da Divisão de Educação Indígena da Secretaria Estadual de Educação e Desportos de Roraima (SEED), aponta como dificuldade os recursos financeiros, que muitas vezes não chegavam às mãos da divisão. Além disso, nem sempre é possível executar planos de ação, pois as escolas ficam localizadas em áreas de difícil acesso. "De abril a setembro, por exemplo, é época de cheias. Os professores não conseguem chegar nem sair das aldeias", explica.

Para melhorar a educação, a professora conta que a divisão está tentando mudar o calendário escolar, junto ao conselho estadual, facilitando também a capacitação dos professores. "Estamos buscando alternativas, orientando melhor os professores, que muitas vezes são formados apenas no ensino médio e precisam de melhor capacitação, por meio de treinamentos oferecidos pelo governo. Para isso, precisamos facilitar também o acesso deles aos cursos", diz.

A procura de alunos pelas escolas indígenas de Uiramutã está aumentando. Ao mesmo tempo, é preciso aumentar o número de professores indígenas capacitados. Muitas escolas ainda têm de funcionar com turmas multisseriadas, com alunos de várias séries e apenas um professor. "É importante que esse professor seja indígena, seja parte da aldeia, principalmente pela questão da língua e costumes diferentes. Os povos preferem professores indígenas porque o ensino flui melhor e a cultura é cultivada", afirma.

Outro problema apontando por Ineide é a falta de infraestrutura das escolas indígenas, apesar do fornecimento de material e merenda escolar pela Secretaria de Educação. "É uma questão reivindicada pelo povo. Algumas escolas são feitas de alvenaria, mas a maioria é de palha, de terra batida, paredes de barro, no jeito da aldeia. Porém, os recursos para as melhorias demoram a chegar, existe um processo burocrático. Nossos estudantes querem mudanças mais imediatas", conclui.

Escolas multisseriadas em Itamarati
O quarto pior IDHM de Educação do País, 0,266, pertence a Itamarati, cidade localizada no interior do Amazonas, com 8.038 habitantes. Desde 1991, o índice subiu cerca de 8,5 vezes, mas continua muito baixo. Dos alunos de 15 a 17 anos, 15,43% estavam cursando o ensino fundamental em 2010. Entre 1991 e 2000, não havia nenhum. Os anos esperados de estudo em Itamarati aumentaram de 3,34 anos em 91 para 5,84 em 2010. No Estado do Amazonas, a expectativa era de 8,54 anos na escola em 2010.

Para o secretário municipal de Educação em exercício, Eder Gomes Maia, o problema da educação em Itamarati é histórico. "Estamos trabalhando para capacitar melhor os professores e manter os alunos na escola, inclusive com acompanhamento junto aos pais do estudante, tentando conscientizá-los sobre a importância do estudo. Acredito que nosso próximo IDHM de Educação terá melhorado muito", afirma.

Em Itamarati, também existem escolas multisseriadas porque há pouca demanda de alunos em pontos muito afastados das zonas indígenas. Um projeto para agrupar várias escolas de comunidade próximas foi apresentado aos ribeirinhos, que não quiseram deixar suas comunidades para estudar. "Também existe uma parte dos ribeirinhos que migra muito, abandonando as escolas construídas em alguns locais. Precisamos de políticas públicas que permitam que eles possam permanecer em uma determinada região. É um problema cultural", completa Maia.

Contudo, no geral, a demanda de alunos cresceu na cidade nos últimos anos, aumentando a necessidade de novas escolas. Em 2013, foram construídas quatro escolas de ensino fundamental, duas na zona rural e duas em aldeias indígenas. "Já mandamos para o governo federal os projetos para a construção de mais três escolas na área urbana. Estamos esperando a contemplação", conta. Para complementar a formação dos estudantes, são oferecidas aulas de reforço há três anos na cidade.

A capacitação dos professores também é uma preocupação. "Oferecemos programas de formação continuada aos professores e estamos tentando, em parceria com a Universidade Estadual do Amazonas (UEA) trazer novos cursos de formação universitária ao município, em 2014”, conta. Segundo a UEA, o Programa de Formação de Professores (Proformar) ofereceu cursos normais superiores aos professores estaduais e municipais de Itamarati, concluídos em 2008. Em 2012, foi concluído o curso de Tecnologia em Gestão Ambiental. Atualmente, está em andamento a formação de Matemática.

Dificuldade de acesso às escolas indígenas em Atalaia do Norte
Apesar de ter aumentando seu IDHM de Educação cerca de 4,5 vezes, de 1991 para 2010, a cidade amazonense Atalaia do Norte apresenta o terceiro pior índice do País. Com 15.153 habitantes, em 2010, o indicador ficou em 0,259, considerado muito baixo. A taxa de analfabetismo diminuiu 32,25% nas últimas duas décadas, mas continua alta: 43,6% da população acima de 25 anos ainda é analfabeta. Em 2010, 43,91% dos jovens de 15 a 17 anos não frequentavam a escola e apenas 2,33% cursavam o ensino médio regular sem atraso.

Entre 1991 e 2000, não havia nenhum jovem - de 18 e 24 anos - na faculdade. Em 2010, foi registrado que 3,03% dessa população estava no ensino superior. Um dos problemas que impedem o avanço na educação é o difícil acesso às escolas indígenas e a falta de infraestrutura.

Segundo o Secretário de Comunicação da prefeitura de Atalaia do Norte, Nailson Carlos, a captação de recursos para investir em educação foi uma dificuldade nos últimos anos. Na área urbana, existem duas escolas municipais e três estaduais, além de duas escolas nos pelotões de fronteira com o Peru. Na área indígena, 54 escolas dependem de entregas de material e merenda escolar por barco, única forma de acesso às aldeias, que chegam a estar a 790 quilômetros da sede municipal. "As empresas relutam em investir e construir escolas com essa logística difícil", conta Carlos.

Segundo Jeanne Gouvea dos Reis, gestora representante do Estado do Amazonas e da Escola Estadual Pio Veiga (maior escola do município, com 1.052 alunos), "as escolas estaduais estão em bom estado, em prédios de alvenaria". Sua única reivindicação são aparelhos eletrônicos que possam incrementar os laboratórios de informática.

Piores índices estão no Pará
Melgaço, no Pará, tem o pior IDHM de Educação do País: 0,207. Sua população é de 24.808 habitantes. Apesar de ter crescido mais de oito vezes desde 1991, quando o índice era 0,024, o município ainda apresenta um índice muito baixo. Quase metade da população de 18 anos ou mais, 47,3%, ainda é analfabeta. Entre os jovens de 15 a 17 anos, apenas 1,91% estavam cursando o ensino médio regular sem atraso em 2010. Nenhum dos telefones da prefeitura e da Secretaria de Educação atendeu às ligações da reportagem para comentar a situação.

Também no Pará, a cidade de Chaves, que tem 21.005 habitantes, possui o segundo pior índice do Brasil: 0,234. A educação na cidade cresceu mais de 12 vezes desde 1991, quando o índice era de 0,020. O município ainda detém um indicador considerado muito baixo, apesar de a taxa de analfabetismo da população de 18 anos ou mais ter diminuído 12,47% nos últimos 20 anos. Também houve dificuldade da reportagem em contatar os órgãos gestores da educação no município.

Os municípios de Melgaço e Chaves estão localizados no arquipélago de Marajó. Ambas sofrem com problemas de acesso às escolas. Mais de 70% de suas populações vive em comunidades afastadas. Algumas chegam a estar distantes cerca de 16 horas de barco das sedes dos municípios. Segundo o secretário adjunto de ensino, da Secretaria Estadual de Educação (SEDUC) do Pará, Licurgo Peixoto de Brito, a situação da educação é muito semelhante em ambas as cidades. A população ribeirinha não consegue se deslocar até a escola, porque não há transporte fluvial suficiente. "O modo de vida dos ribeirinhos, que vivem em lugares mais afastados, e a falta de investimento adequado para que se supere as dificuldades naturais de acesso fazem com que a melhora no ensino seja muito pequena", explica.

O transporte fluvial é, na maioria das vezes, o único meio de chegar à escola de algumas comunidades. Além disso, a energia elétrica na ilha é falha, o que dificulta o acesso à informação. "É preciso desenvolver um plano estratégico que articule melhor a infraestrutura no transporte e um investimento na cadeia produtiva da região", conclui. Já existe, no Estado, o Plano de Desenvolvimento do Marajó, criado pelo Movimento Marajó Forte, que visa a utilizar recursos do governo para construir escolas, melhorar o sistema fluvial e o acesso ao ensino. O plano, que ainda está em fase de aperfeiçoamento, não tem previsão de quando será enviado ao governo federal.

Entenda o índice
O componente de educação no IDHM é formulado com base em dois subíndices: a escolaridade da população adulta e o fluxo escolar da população jovem. Segundo o coordenador do Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil, Marco Aurélio Costa, deve-se investir na educação de jovens, a base dos índices. "Temos de olhar os índices de escolaridade adulta e infantil separadamente, pois a educação é tomada como um ciclo: se temos índices e dados baixos na população jovem, dificilmente teremos bons números na população adulta. O desafio maior é manter o jovem na escola na idade e série corretas", opina.

De 1991 até 2010, 185 municípios tiveram um crescimento acima de 1.000% e 235 municípios, de 900%. A média de crescimento geral do Brasil foi de 180%. Nas últimas décadas, a distância entre a cidade com o melhor indicador e a com o pior diminuiu. Em 1991, o melhor IDHM, de Niterói (RJ) era 55 vezes maior do que o pior, de Campos Lindos (TO). Em 2010, o melhor índice, de Águas de São Pedro (SP), é apenas 4 vezes maior do que em Melgaço (PA), o pior do País. 

http://www.terra.com.br/portal/

Fonte: Portal Terra

(Editor: Otávio Araújo)

sábado, 28 de setembro de 2013

REVOLUÇÃO SILENCIOSA VIA LIVRO DIDÁTICO

Encontram-se nas escolas da Prefeitura de Goiânia, amostras dos livros didáticos recomendados pelo Ministério da Educação (MEC) para o ano de 2014, a fim de que sejam selecionados pelos professores das disciplinas. É provável que os mesmos livros estejam em mais prefeituras de Goiás e de outros estados. Pelo menos em Goiânia, a escolha tem sido dolorosa para educadores inconformados com a vontade de uma revolução silenciosa que se realiza pelo doutrinamento político, ideológico e de costumes perceptíveis em alguns desses livros.

Há neles emprego de textos e imagens institucionais de programas sociais do Governo; exaltação de figuras socialistas brasileiras e estrangeiras; promoção do modelo socialista, relativista e sustentável de governar; releitura de períodos econômicos e históricos da nação; sublimação de nomes importantes do Governo; ironia a partido político oposicionista e dúvida sobre a capacidade de decisão de membros da oposição. Mesmo que sejam pontuais, sutis ou implícitas, ocorrências assim podem ser interpretadas como intencionais para formar opinião política, partidária e ideológica a partir da escola.

Mas a tentativa do MEC de apontar rumos à opinião na escola não é nova. Em abril de 2011, ele quis enviar recursos didáticos voltados à afirmação homossexual para 6.000 escolas de ensino médio. Tratava-se de um estojo composto de três vídeos contando histórias fictícias de relacionamentos amorosos homossexuais, masculinos e femininos, acompanhados de um guia para orientação do professor. Apelidado na época de “kit gay”, o material foi elaborado pela organização não governamental Ecos – Comunicação em Sexualidade, em parceria com a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT). Teoricamente, serviria para combater o preconceito contra a pessoa homossexual na escola, mas foi entendido pelos seus opositores como indutor para a escolha de conduta sexual.

Esse questionamento levantado pelas bancadas católica, evangélica e da família foi levado à presidente Dilma Rousseff que, depois de assistir aos vídeos, vetou a distribuição deles para as escolas. Um dos argumentos que motivou a decisão da Presidente foi o reconhecimento da necessidade de enfrentar as diversas situações de preconceito na escola, mas com abordagem diferente. Como se tratava de material complementar que não respingava no conteúdo dos livros, não foi difícil para o MEC cumprir a determinação presidencial. Na oportunidade, o ministro Gilberto Carvalho prometeu às representações políticas que, dali em diante, toda edição de material sobre “costumes” passaria antes pelo crivo da Presidência e por um amplo debate com a sociedade civil.

Mas o MEC ignorou o acordo e adaptou o projeto ao livro didático de 2014, acrescentando o delicado tema da configuração familiar. Desse propósito de desconstrução do modelo tradicional de família, não escapa nem mesmo o Plano Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), ao apresentar de maneira lúdica as novas famílias para crianças com 8 anos de idade. Um dos livros traz cinco gravuras de pares gays masculinos e femininos acompanhados de crianças, comumente misturados aos modelos tradicionais de família. E este mesmo tema é recorrente em livros para as idades subsequentes. Um exemplar para adolescentes de 14 anos oferece dicas ao professor sobre maneiras criativas de auxiliar o aluno na escolha da opção sexual, mudança de nome, e cirurgia para mudança de sexo. O educador é orientado, inclusive, a montar estratégias de convencimento a partir de comportamentos sexuais de pessoas que são conhecidas do grande público através da mídia.

Caso haja nova pressão política e a determinação presidencial se repita, não poderia ser cumprida facilmente com o material didático do próximo ano visto que ele foi cuidadosamente produzido para não sofrer alterações. Isto porque os temas homossexuais e familiares não mais se apresentam separados do conjunto didático, mas se misturam aos conteúdos de algumas disciplinas. Com isso, vale questionar se a quebra da promessa presidencial de não promover padrões de comportamento, ainda mais na escola, sem uma ampla discussão com a sociedade civil organizada foi por conta e risco do MEC ou teve o aval do Planalto.

Ao contrário do que pode pensar o MEC, estas mudanças produzem estranhamento entre os professores. Por mais que ofereça cursos e palestras com a finalidade de convencê-los e/ou convertê-los para essas ideias. É de se esperar que a proporção de educadores contrários e favoráveis à inserção destes temas na educação básica não seja diferente daquela encontrada na população. E, se estes livros são capazes de chocar professores e familiares numa grande cidade, a exemplo de Goiânia, não é difícil imaginar a dimensão do impacto que suas ideologias poderão causar às famílias das pequenas cidades e povoados do interior brasileiro, mais notadamente no sertão, cerrado, caatinga, pampa, pantanal, ribeirinhos amazônidas, além de calungas e indígenas.

Mas o Governo se propôs a uma revolução e acredita que ela possa ser operada por meio de uma educação que subjetive as pessoas. Deve ser por isso que ele investe no aparelhamento ideológico da escola e da universidade públicas para que elas mesmas se incumbam de promover as mudanças por ele pretendidas na mente da sociedade. Inclusive, o viés de abordagem dos temas transversais que aparece nos livros é uma síntese de pesquisas, congressos, simpósios e seminários da universidade. A tendência é que os livros didáticos para a escola pública, que são recomendados pelo MEC, sirvam de parâmetro para o mercado editorial como um todo e alcance também as escolas particulares, inclusive as confessionais. Isto porque o milionário mercado dos livros didáticos e paradidáticos vive ao sabor das conveniências, mesmo que elas movimentem a sociedade para lugares estranhos.

Orley José da Silva - É professor em Goiânia; mestre em letras e linguística (UFG). Enviada por e-mail

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

A importância da leitura e da escrita para uma atuação cidadã

A proficiência em leitura e produção de textos é condição necessária para o exercício da cidadania. A afirmação é da mestre em Linguística pela Universidade de Campinas Cristiane Mori de Angelis, que vê no uso de sequências didáticas e dos gêneros textuais uma estratégia para auxiliar os professores a despertar o interesse pela leitura e escrita nos alunos. Leia os principais pontos da entrevista.

Qual a importância dos gêneros textuais para o ensino da Língua Portuguesa? Eles podem facilitar o processo de aprendizagem da escrita e contribuir para a formação de novos leitores? De que forma?
Os gêneros devem servir como instrumento para o ensino e, nunca, como uma amarra ou um fim em si mesmo. Os alunos não precisam saber elencar as características temáticas, composicionais ou estilísticas de um gênero; eles devem, sim, dominá-las para serem capazes de ler e de escrever textos deste gênero. O gênero contribui para o ensino de Língua Portuguesa, porque não há um texto único capaz de ensinar "a ler e a escrever”. Aprender a ler e a escrever implica a leitura e a produção dos variados textos que circulam nas diferentes esferas de atividades e, assim, a proficiência só é possível quando os alunos se apropriam das características e do funcionamento dos gêneros. Além disso, a tão esperada e necessária criticidade – seja na leitura, seja na escrita – decorre da compreensão dos lugares sociais ocupados pelo leitor e pelo escritor, dos interesses envolvidos numa dada esfera de atividade e das finalidades visadas; parâmetros esses contemplados necessariamente num ensino balizado pela noção de gêneros.

O hábito da leitura e da escrita pode contribuir para que crianças e jovens no futuro possam exercer a cidadania de modo pleno? Por quê?
A proficiência em leitura e produção de textos é condição necessária para o exercício da cidadania. As sociedades letradas organizam-se em esferas de atividades que colocam aos seus atores diferentes necessidades de comunicação, as quais demandam, cada vez mais, gêneros diversificados: orais, escritos, impressos, eletrônicos, digitais, verbais, multimodais. Para atuar nesta sociedade, para compreender os conflitos de interesses que nela se dão, para entender e se fazer entender, para opinar, para reivindicar, para protestar, para solicitar, para convencer, para apreciar, enfim, para agir como um cidadão é preciso ser capaz de produzir e ler os gêneros que circulam e, para isso, ao longo da vida, os sujeitos devem ler e escrever textos variados, em gêneros, em mídias, em suportes, sempre reconhecendo e respeitando a situação de produção que os engendraram.

Segundo uma pesquisa feita pelo QEdu: Aprendizado em Foco, realizada a partir das respostas dadas aos questionários socioeconômicos da Prova Brasil 2011, aplicados pelo Inep, menos da metade dos professores lê no tempo livre. Isso pode interferir na sua capacidade de mostrar de forma criativa e dinâmica aos alunos a importância da leitura e da escrita para a vida? O que falta para esses professores recuperarem o prazer pela leitura e escrita? Por quê?
Trata-se de uma questão complexa. Por que os professores não são leitores? Deve-se mesmo esperar que os professores sejam mais leitores do que os médicos, os advogados, os bancários, os comerciários, os aposentados? Penso que a questão é o que nos faz ou não uma sociedade de leitores e, para refletir sobre isso, é necessário abrir mão de alguns estereótipos e de alguns mitos sobre a leitura no Brasil. De acordo com a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, a porcentagem de brasileiros que lê em seu tempo livre caiu de 36% para 28% entre 2007 e 2011; ao mesmo tempo, aumentou de 18% para 24% o número de brasileiros que navegam na Internet, o que pode indicar que a tendência seja a de aumentar o número de brasileiros que leem na Internet. Caberia, então, perguntar: quando se afirma que os professores não leem em seu tempo livre, está-se considerando o que ele lê na tela do computador? É curioso observar, ainda de acordo com essa pesquisa, que a mãe e o professor são as figuras que mais influenciaram os leitores a lerem, o que parece mostrar que, ainda que os professores não leiam ou leiam pouco, eles permanecem como referência de leitores para seus alunos.
A meu ver, mostrar a importância da leitura depende de os professores serem leitores, entendendo que a leitura e a escrita são um compromisso de todas as áreas, ou seja, não é apenas o professor de língua portuguesa que deve ensinar a ler; depende de iniciativas para que o Brasil se consolide como uma sociedade leitora, o que passa, dentre outros aspectos, por uma incorporação das práticas de letramento que já ocorrem, mas não são valorizadas. É preciso olhar para o entorno das escolas e das comunidades e reconhecer as manifestações culturais que ali ocorrem e fazem sentido para seus usuários e trazer tais manifestações para dentro da escola, de modo que alunos e professores possam se reconhecer nelas. Mais uma vez: quando se afirma que a maioria dos professores não lê em seu tempo livre, o que está sendo considerado como "leitura”? Apenas a chamada "alta literatura” ou também outras leituras? Ser uma sociedade leitora também implica políticas de barateamento do livro, abertura das bibliotecas como espaços de lazer e cultura e, evidentemente, de formação de leitores.

A literatura e a escrita estão sendo bem exploradas nas escolas? Por quê?
Penso que as escolas vêm se preocupando com a escrita de uma forma adequada, tentando encaminhar um trabalho que considere a situação de produção e os gêneros. Já em relação à literatura, mudanças e aprimoramentos são necessários, pois ainda prevalece um uso escolarizado da literatura, no qual os livros se prestam a ensinar conteúdos, sobretudo morais, bem como impera a crença – equivocada – de que não é possível ou não se deve ensinar a ler literatura. De modo geral, as escolas atuam como se apreciar um bom livro de literatura fosse algo natural, como se fosse evidente ou transparente o que é um livro com qualidade literária. Ao contrário, a estética literária pode e, frequentemente, o faz demandar estratégias requintadas de leitura, para que os recursos estéticos empregados, bem como mundo ficcional criado, possam ser desvendados e compreendidos. Isso demanda mais do que simplesmente ler; é preciso ler junto com os alunos, mostrar o funcionamento daquele texto, desvelá-lo. Também é ampliar o repertório de leitura, diversificando autores, gêneros, temáticas, estilos, contextos, bem como é preciso que as leituras recomendadas obrigatórias convivam com outras práticas de leitura, em que a escolha, cujos critérios também podem e devem ser discutidos e burilados, seja dos alunos e em que diferentes modos de ler sejam experimentados.

O uso de sequências didáticas como as que foram adotadas no processo da Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro pode ser uma saída para que o ensino da Língua Portuguesa seja atrativo?
Desde que o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) passou a ser, em 1996, uma política para a qualidade dos livros didáticos, vê-se, ano a ano, cada vez mais materiais didáticos adequados ao ensino de Língua Portuguesa comprometidos com os pressupostos básicos que possam garantir a compreensão e a produção de textos orais e escritos e a capacidade de analisar a língua, em função dos usos situados que dela se precisa, ou deseja, fazer. No entanto, por sua própria natureza, os livros didáticos não podem se aprofundar em alguns gêneros, propondo, para isso, um conjunto sistematizado e organizado de módulos que vão desde uma produção inicial – diagnóstica – até uma produção final, que é a última etapa de um processo em que as dimensões temática, composicional e estilística do gênero foram exploradas em detalhes. Somente a metodologia das sequências didática permite esse trabalho e, por isso, ela deve ser um dos expedientes que organizam o currículo de Língua Portuguesa. Assim, a meu ver, um currículo de Língua Portuguesa deve decidir quais serão, em cada ano escolar, aqueles gêneros que receberão um tratamento aprofundado e as sequências didáticas que devem ser empregadas. No entanto, também é preciso que, em todos os anos, os alunos "visitem” outros gêneros, que não precisam receber um tratamento assaz aprofundado, bem como é necessário que gêneros já aprendidos em anos anteriores sejam revisitados, sobretudo como mote para produção de textos pontuais, que se prestam para garantir que os alunos escrevam textos, no mínimo, uma vez por semana.

Além do uso de sequências didáticas que outras estratégias os professores poderiam adotar para despertar nos alunos o interesse pela leitura e pela escrita?
Basicamente, aqui, parece-me que a solução está considerar as mudanças pelas quais os textos vêm passando e o caráter eminentemente cultural das práticas de letramento. Em relação à mudança nos textos, trata-se de trazer para dentro da escola a multimodalidade, em reconhecer e valorizar o caráter multissemiótico dos textos, em que infográficos, imagens estáticas, imagens em movimentos, esquemas, ilustrações, sons convivem com a linguagem verbal. Note-se, aqui, a necessidade premente de incluir nos currículos estratégias para o desenvolvimento de habilidades ligadas à edição de som e imagem e não mais, apenas, a edição de textos. Ao lado da multimodalidade, há de se considerar a multiculturalidade, ou seja, de se reconhecer e valorizar as diferentes manifestações culturais que existem, sobretudo, na comunidade em que a escola se encontra, abrindo as portas para novos gêneros, muitos vezes híbridos ou ainda em construção, que refratam condições de produção próprias de grupos que, por uma razão ou outra, estão à margem da cultura massificada e homogeneizada que a escola e outras agências de costuma valorizar.

Qual é o papel da leitura, do conhecimento da literatura e da escrita na construção do indivíduo em formação em sala de aula?
O papel é central: conhecer e compreender a literatura pode funcionar como a porta de entrada para a arte em geral e ser capaz de compreender, fruir e apreciar as diferentes manifestações artísticas é, sem dúvida, uma das soluções para a banalização da violência e para o fortalecimento de uma sociedade humanizada e comprometida com o bem comum. As competências leitora e escritora, por sua vez, são, como dito acima, a possibilidade de o sujeito agir na sociedade, exercendo plenamente sua cidadania.

http://www.fundacaoitausocial.org.br/acontece/newsletter/edica o-n-47-setembro-2013-nota-4.html

Fonte: Fundação Itaú social

(Editor: Otávio Araújo)

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

COMISSÃO APROVA MERENDA ESPECIAL PARA ALUNOS COM RESTRIÇÕES ALIMENTARES

A Comissão de Seguridade Social e Família aprovou proposta que estabelece merenda especial para alunos com restrições alimentares nas escolas públicas brasileiras. O texto aprovado foi um substitutivo do Senado ao PL 6483/06, do ex-deputado Celso Russomanno.

A proposta original foi aprovada na Câmara em 2009, definindo merenda especial para alunos diabéticos, hipertensos ou com anemia. Mas, ao ser analisada pelo Senado, foi definido que essa determinação aplica-se a todos os tipos de restrições alimentares.

Conforme o texto agora aprovado, o cardápio deverá ser realizado com indicação médica e acompanhamento de nutricionista, seguindo as características alimentares regionais como prevê o Programa Nacional de Alimentação Escolar. O relator na comissão, deputado Dr. Jorge Silva (PDT-ES), explicou que existem alunos com alergias e intolerâncias alimentares que também serão beneficiados pela medida.

Jorge Silva lembrou ainda que a obesidade infantil é cada vez mais comum no País e a adoção de uma merenda diferenciada pode ajudar crianças e adolescentes a adotarem hábitos alimentares melhores. "A obesidade que é um grande problema que o País e precisar ser enfrentado. Criança obesa é sinal de adulto obeso”.

Tramitação
A proposta, que tramita em caráter conclusivo, ainda será analisada pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.

http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/


Fonte: Agência Câmara

(Editor: Otávio Araújo)

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

PAÍS PRECISA DE PROFESSORES, MAS MATRÍCULAS EM LICENCIATURAS NÃO CRESCEM

Em números absolutos, a quantidade de estudantes matriculada em cursos para a formação de professores – as licenciaturas – é maior a cada ano. No entanto, esse crescimento não acompanha a evolução de matrículas em outros cursos de graduação. O percentual de alunos das licenciaturas está estagnado e, em 2012, foi o menor dos últimos 11 anos: 19,41%.

Os dados do Censo da Educação Superior 2012, divulgados nesta terça-feira pelo Ministério da Educação, mostram que 1.366.559 brasileiros estavam matriculados em licenciaturas. Ao todo, 7.037.688 cursavam alguma graduação. Em 2011, o número de universitários em cursos que formam professores era 1.356.329. Em 2010, 1.354.989.

Apesar de não ter se afastado dos 20% nos últimos anos, a proporção de universitários em licenciaturas já foi maior. Em 2003, 22,48% dos estudantes cursavam esse tipo de graduação, o percentual mais alto desde 2001. Em 2008, caiu para 19,96%, chegou a 21,24% em 2010 e voltou a diminuir em 2011, passando para 20,12%.

Pouco mais de um terço (33%) dos estudantes brasileiros de cursos de licenciaturas não estão próximos às salas de aulas físicas das instituições do país. Há 449.966 alunos de educação a distância no Brasil.

Preocupado com o cenário nada animador diante do déficit de professores na educação básica – que chega a 170 mil na rede pública, segundo o ministro Aloizio Mercadante – o Ministério da Educação vai lançar, nesta quarta-feira, um programa para estimular jovens de ensino médio a procurarem os cursos da área de exatas, especialmente os que formam docentes.

Nomeado de "Quero ser cientista, quero ser professor”, o programa atenderá 30 mil alunos, que desenvolverão pesquisas em universidades federais e ganharão bolsas de estudo de R$ 150. "A área tecnológica é que mais cresceu nos últimos anos, que é importante para o desenvolvimento do país. Mas precisamos estimular as licenciaturas”, afirmou o ministro.

Sem garantias
Mas estimular os jovens a escolherem as licenciaturas – no caso do programa, especialmente os da área de exatas, Física, Química, Biologia e Matemática – não será suficiente para garantir a formação de professores. Convencê-los a ingressar nessas graduações e fazê-los se formar será outro desafio que o governo terá de enfrentar.

De acordo com o censo, o número de ingressantes nas licenciaturas aumentou em termos absolutos e diminuiu em percentual. Em 2006, 22,2% dos 1.043.308 ingressantes no ensino superior optaram por cursos de licenciatura. Em 2012, caiu para 17,87% (491 mil de 2,7 milhões de alunos).

A situação não é diferente entre os que estão se formando. Em 2001, 106 mil universitários concluíram uma licenciatura. Eles representavam 26,97% dos 396 mil concluintes daquele ano. Em 2006, caiu para 24,77% do total de concluintes (188 mil de 762 mil) e, em 2012, chegou a 21,31% (223.892 alunos do universo de 1.050.413 concluintes).

http://www.ig.com.br/

Fonte: Portal iG

(Editor: Otávio Araújo)

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Ideb precisa ser aprimorado para ser um diagnóstico mais fiel, aponta TCU

O TCU (Tribunal de Contas da União) realizou uma auditoria em 16 cidades do País e apontou que em quatro destes, o diagnóstico do ensino básico feito pelos municípios não reflete a situação real do local. Esta diferença compromete o correto planejamento e direcionamento da assistência prestada pelo MEC (Ministério da Educação), aponta o tribunal.

Entre os motivos apontados para esta defasagem entre os relatórios e a realidade, o TCU mostra uma insuficiência da assistência técnica oferecida pelo MEC. Isso ocorreria devido ao alto número de municípios que cada servidor deve atender.

Outro ponto levantado nos municípios auditados foi o baixo nível de ações para a implementação de infraestrutura e de recursos pedagógicos. Laboratórios de informática, conexão à internet, e até mesmo o abastecimento elétrico e de água potável estão entre estas dificuldades registradas.

O Simec (Sistema Integrado de Monitoramento do Ministério da Educação) também foi alvo de críticas. Foram detectadas informações desatualizadas ou inconsistentes no sistema.

Segundo José Jorge, relator do processo no TCU, o Ideb precisa ser aprimorado para ser uma ferramenta mais eficaz.
— Certamente, o Ideb é um importante instrumento para a aferição da qualidade de educação, mas necessita ser aprimorado de forma a permitir um diagnóstico mais fidedigno dos sistemas de ensino.

Ao final do relatório, TCU e MEC fecharam acordo para solucionar as medidas deficientes. O tribunal ainda reiterou determinações para que o FNDE reanalise convênios referentes a transporte escolar e materiais didáticos, que terão o atendimento monitorado.

http://noticias.r7.com/educacao/noticias/ideb-precisa-ser-apr imorado-para-ser-um-diagnostico-mais-fiel-aponta-tcu-20130916.html

Fonte: Portal R7

(Editor: Otávio Araújo)

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

É preciso ficar claro a diferença que existe entre educar e escolarizar

Filósofo Mário Sérgio Cortella* ministra palestra a professores da região, de Minas Gerais e Mato Grosso do Sul

Mais de 500 professores da região de Votuporanga e de cidades do Triangulo Mineiro e do Sul do Mato Grosso do Sul assistiram ontem pela manhã, na sala social do Votuporanga Clube, palestra com o filósofo e professor universitário Mário Sérgio Cortella.

O tema central do 4º Encontro de Educadores da Cidade — que foi organizado pelo Sistema de Ensino Unifev — foi à adaptação dos educadores a nova realidade dos alunos e das escolas.

Cortella defende um modelo integrado no qual a escola é apenas um — ainda que o mais importante — dos agentes importantes para a educação.

"Há uma grande diferença entre "educar" e "escolarizar". Educar é responsabilidade da família. Escolarizar é obrigação dos professores”, pontuou.

O palestrante destacou ainda a importância de os educadores estarem atentos ao que ele qualificou como "novos paradigmas da sociedade”.

"É comum termos alunos do século 21, sendo alfabetizados por professores do século 20 do século que utilizam métodos pedagógicos do século 19. Há algo de errado nisso”.

Durante o encontro, o filósofo defendeu a atualização permanente dos professores e um olhar "mais amplo” para as capacidades dos alunos. "No caso do ensino infantil, as crianças recebem muitas informações por meio da TV, das mídias sociais e outros meios visuais. É preciso tornar a aula interessante”, disse.

Ele defende o uso das ferramentas digitais nas aulas, mas com prioridade para o método de ensino. "O conteúdo abstrato conhecimento precisa ser o fim e não o começo. O professor precisa descobrir primeiro o caminho para falar sobre aquilo que desperta o interesse do aluno. É uma tarefa complexa nos dias de hoje”.

Além disso, Cortella propôs reflexões e mudanças de atitude que, além de trazer mais motivação, ajudariam os professores conseguir melhores resultados na rotina diária e ao longo da carreira.

Paulo Freire
Mário Cortella trabalhou durante 18 anos com o educador Paulo Freire, reconhecido como patrono da Educação Brasileira, que completaria 93 anos em 2013. Freire foi, inclusive, orientador do filósofo em um de seus doutorados.

(*) Nasceu em Londrina, em março de 1954. É filósofo com Graduação pela Faculdade de Filosofia Nossa Senhora Medianeira, mestre em Educação pela Pontifícia Universidade Católica. Concluiu doutorado em Educação, em 1997, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, sob a orientação do professor doutor Paulo Freire. Também professor-titular do Departamento de Teologia e Ciência da Religião e da pós-graduação em Educação. Foi secretário municipal de Educação de São Paulo (1991-1992), durante a administração de Luiza Erundina. Tem 14 títulos publicados.

http://grupoojornal.com.br/

Fonte: Grupo O Jornal - Votuporanga/SP - Ademir Terradas

(Editor: Otávio Araújo)

terça-feira, 17 de setembro de 2013

PARA REPRESENTANTES DOS TRÊS PODERES, A VALORIZAÇÃO DO PROFESSOR É ESSENCIAL PARA A EDUCAÇÃO

Professores temporários, jornadas amplas de trabalho, formação deficiente, carreira não atraente e salários baixos. As questões docentes apareceram com força na quarta sessão do Congresso Educação: Agenda de Todos, Prioridade Nacional, que reuniu representantes dos três poderes. O debate que finalizou o evento tratou da "Cooperação entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário pela garantia de Educação de qualidade com equidade”. Participaram políticos, educadores, representantes de conselhos de Educação, secretários de Estado e juízes de Direito. O evento ocorreu em Brasília, na sede do Conselho Nacional de Educação (CNE).

Os participantes discutiram sobre o modo de garantir a articulação e o alinhamento efetivo dos três poderes não apenas no nível federal, mas também nos níveis estaduais e municipais para que a agenda educacional seja efetivada com qualidade e equidade para todas as crianças e jovens do país. A discussão foi mediada pelo jornalista Rui Nogueira, sócio-diretor da Patri Relações Governamentais & Políticas Públicas.

Em sua fala, Marisa Serrano, conselheira do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul, destacou a precariedade da situação trabalhista dos professores temporários. "Muitas redes contratam docentes em fevereiro, demitem em julho, recontratam em agosto e demitem novamente em dezembro. Dessa forma, docentes temporários acabam não tendo compromisso nem a sensação de pertencimento”, argumentou.

O salário docente também foi tratado com bastante ênfase no encontro. "O professor e a escola como um todo têm que ter valorização e, nesse contexto, é essencial a melhoria salarial”, defendeu Maria Nilene Badeca da Costa, presidente do Conselho Nacional de Secretários da Educação (Consed).

Universalização
O tema do acesso às vagas na Educação Infantil e mesmo no Ensino Fundamental, quase universalizado no País, abriu o debate. A Emenda Constitucional 59, que obriga a matrícula de toda criança e jovem entre 4 e 17 anos na escola até 2016, foi a base para a argumentação dos participantes. Para Alessio Costa Lima, secretário municipal de Educação de Tabuleiro do Norte (CE) e vice-presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) o cenário ainda é crítico. "Temos que lembrar que a municipalização do ensino foi um fenômeno mais recorrente nos municípios mais pobres, que por falta de recursos próprios pois contam apenas com o Fundo de Participação dos Municípios e o Fundeb ainda enfrentam o problema do acesso”, lembrou o secretário.

Legislação
A presença de parlamentares entre os debatedores embasou as falas sobre dois pontos-chave atualmente em foco no debate sobre Educação: o Plano Nacional de Educação (PNE) e a Lei de Responsabilidade Educacional (LRE).

O PNE, que deveria ter sido aprovado em 2011, ainda está em tramitação no Congresso. Segundo o senador Cyro Miranda Gifford Júnior (PSDB-GO), a matéria seria votada neste dia 11, na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado, porém foi retirada da pauta pela bancada do executivo, sob o pretexto de que a meta 4, que trata do atendimento a pessoas com deficiência, seja melhor analisada. "O PNE deveria estar vigente desde janeiro de 2011. Mas parece que não há compromisso com a Educação”, afirmou Miranda, que preside a Comissão de Educação do Senado. "Assim que recebermos o PNE na Comissão de Educação, prometo entregar o projeto para a votação em 60 dias”, completou o senador.

Já a LRE, em discussão há sete anos no Congresso, está quase pronta para ser apresentada, segundo o deputado Gabriel Chalita (PMDB-SP). "Nosso relator (o deputado Raul Henry, do PMDB-PE) tem trabalhado intensamente no texto”, afirmou ele, que é presidente da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados. "As leis na área da Educação precisam ser profundamente responsáveis". O projeto de lei foi apresentado em 2006 pela ex-deputada Raquel Teixeira (PSDB-GO).

Sociedade e divisão de papéis
Richard Pae Kim, juiz da Vara da Infância e da Juventude Protetiva e Cível de Campinas (SP), lembrou a importância da participação da sociedade no debate educacional. "A pretensão de aumentar o número de professores não deve ser do Judiciário, mas da sociedade. É nos conselhos que há o espaço para a participação democrática da sociedade, que é fundamental", disse ele, que também é o 1º vice-presidente da Associação Brasileira de Magistrados, Promotores de Justiça e Defensores Públicos da Infância e da Juventude (ABMP). Kim também destacou que se o que está na lei fosse cumprido, o Brasil teria um ensino com qualidade.

Já para Maurício Fernandes Pereira, presidente do Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais de Educação (FNCE) e presidente do Conselho Estadual de Educação do Estado de Santa Catarina, os maiores entraves para a garantia de uma Educação de qualidade são outros. "Os grandes desafios da Educação brasileira se chamam continuidade de políticas públicas e aprofundamento de práticas de sucesso”, destacou.

Apoio
O papel do CNE e dos conselhos estaduais e municipais de Educação também entrou na pauta da sessão. Artur Costa Neto, presidente da União dos Conselhos Municipais de Educação de São Paulo (Uncme-SP) e vice-presidente da Uncme Nacional, sugeriu que o CNE apoie o Senado e a Câmara na elaboração de propostas educacionais. "Os parlamentares deveriam pedir um parecer do conselho sempre que houver a discussão de um projeto de lei que impacte na Educação”, opinou.

Figura central: o professor
As discussões levantadas durante o debate convergiram para um ponto central de concordância entre os debatedores: o professor. "A sociedade brasileira ainda não valoriza o professor. Quando o docente for valorizado, ele não precisará dar aula em três, quatro escolas por dia”, criticou Maurício Fernandes Pereira, presidente do Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais de Educação (FNCE).

O docente foi colocado como figura protagonista da Educação. Para José Fernandes de Lima, conselheiro presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), o professor é figura indissociável da qualidade de ensino. "Na medida em que todos nós valorizamos a Educação, seremos obrigados a valorizar o professor”, destacou.

Durante o debate, pontos como a evasão de professores, os direitos e as condições precárias de trabalho foram citados como grandes dificuldades ao exercício do magistério. "Vi no Brasil professores contratados precariamente. Num mercado político como esse, é difícil falar da valorização do magistério", argumentou Márlon Jacinto Reis, Juiz de Direito no Maranhão. Reis propôs que o Pacto Republicano, documento elaborado anualmente com o objetivo de articular esforços dos três poderes em torno de questões importantes ao país, como o combate à corrupção, passe a contemplar também as questões relacionadas aos desafios na área da Educação. "O documento deste ano já está em fase de redação final, mas ainda é possível ao menos tentar incluir a definição de uma agenda de fóruns que reúnam os três poderes ao longo do próximo ano”, sugeriu o juiz.

Pae Kim, por sua vez, defendeu que a luta pela valorização do magistério deve começar no seio da sociedade. "A pretensão de aumentar o número de professores não deve ser do Judiciário, mas da sociedade”, enfatizou.

http://www.todospelaeducacao.org.br/comunicacao-e-midia/notici as/28148/para-representantes-dos-tres-poderes-a-valorizacao-do-professor-e-essen cial-para-a-educacao/

Fonte: Do Todos Pela Educação

(Editor: Otávio Araújo)

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

EDUCAÇÃO DE QUALIDADE SÓ EXISTE COM O ENVOLVIMENTO DA SOCIEDADE CIVIL

Por meio de inovação, de informação, de investimento e de controle social, a sociedade pode colaborar com a reforma da educação nacional. O debate sobre essas e outras formas sobre como a sociedade civil pode se articular ao gestores públicos para melhorar a qualidade da educação marcou o primeiro dia do Congresso Educação: Agenda de Todos, Prioridade Nacional, que começou na manhã de hoje em Brasília, na sede do Conselho Nacional de Educação (CNE).

Embora haja divergências entre os debatedores que compuseram a sessão, todos concordam que a sociedade civil é um ator fundamental na construção de uma educação pública de qualidade. Para os presentes são esses atores sociais – como universidades, empresas, ONGs e parceiros locais – que colaboram com a agenda nacional de educação ao agregar propostas inovadoras que o poder público não tem condições de experimentar.

"A escola da comunidade precisa conversar com os empresários que atuam na comunidade; isso é uma construção de parceria legítima. Não dá pra ter escolas com muros cada vez mais altos, sem diálogo com os jovens e com a comunidade”, defendeu Maria do Salete, coordenadora do Programa de Educação do Unicef no Brasil.

Roberto Leão, presidente Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) complementou a proposta, dizendo que os problemas da educação só poderão ser solucionados se enfrentados com estratégias conjuntas. Para Leão, o que significa uma educação de qualidade ainda está em disputa e por isso é tão importante que a sociedade civil esteja envolvida neste debate.

A discussão que antecedeu essa mesa trouxe como unânime entre os participantes a necessidade de acelerar a melhoria dos resultados da educação no país. Na metáfora de Fernando Luiz Abrucio, pesquisador e coordenador do curso de graduação em Administração Pública da Fundação GetúlioVargas (FGV-SP), "se continuarmos com um relógio em ritmo pós-1988, vamos continuar melhorando, mas longo prazo. O desafio é saber como fazer avançar esse relógio”.

A Educação Integral foi apontada pelo pesquisador e por outros participantes do debate como uma estratégia elementar para trazer celeridade às mudanças buscadas. "O fundamental hoje é o ensino com mais tempo, caminhando para integral, com metas estabelecidas”, ponderou Sérgio Besserman Vianna, jornalista e professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ).

O Portal Aprendiz é um dos parceiros de mídia do 2° Congresso Todos Pela Educação e faz cobertura ao vivo do evento.

http://aprendiz.uol.com.br/

Fonte: Portal Aprendiz

(Editor: Otávio Araújo)

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Uma escola onde todos são iguais

É hora de começar a semana, mais uma segunda-feira na escola. Sentados em roda, cerca de 20 estudantes e professores aguardam o início da assembleia e definem a pauta numa lousa, enquanto a mesa, responsável por organizar e encaminhar a reunião, é formada por um educador e uma jovem estudante. Esse momento diz muito sobre a Politeia, uma escola democrática de ensino Fundamental localizada no bairro de Perdizes, zona oeste da cidade de São Paulo.

A assembleia discute temas pertinentes ao dia a dia escolar, que vão desde os grupos de pesquisa, passando pelas saídas do espaço escolar, às regras de convivência que todos terão de respeitar – como, por exemplo, o que pode ou não ser visto na internet. Todos têm voz e voto e apropriam-se de fato de seus direitos, colocando-se publicamente. Os mais jovens (por volta de 6 anos) também expõem argumentos, mas aos poucos, vão trocando a discussão política pelo brincar. Afinal, são crianças.

Percursos
"O grande desafio é despertar o interesse deles pelo conhecimento. O processo de alfabetização, por exemplo, deve partir de uma necessidade que eles sintam de aprender a ler e escrever. E tudo isso é permeado pelo brincar. A criança aqui não irá repetir os padrões de uma escola normal. E os pais geralmente entendem e apoiam essa escolha”, conta Yvan Dourado, professor-tutor da Politeia.

O conceito de sala, aula e prova, inexiste. Os estudantes são agrupados em ciclos (do I ao III, de acordo com as idades) e desenvolvem temas de pesquisa individuais e coletivos, elaborados a partir de seus próprios interesses e do que acontece no mundo. Neste semestre, muitos estão interessados nas manifestações, na questão do transporte público e na tática black bloc. No ano passado, estudaram coletivamente a questão da terra e do território, que serviu de linha mestra para as matérias, todas com o mesmo peso.

"Partindo da terra, podemos estudar o meio ambiente, os conflitos agrários, o clima. Cada área do conhecimento tem uma intersecção possível. Antes eles estavam interessados em mitologia greco-romana. Então fizemos encenações teatrais, história, trabalhamos nas artes plásticas e isso chegou até os orixás, que foi um bom ponto para começarmos a estudar história da África”, relata o educador Osvaldo de Souza.

Transição
Com 14 anos, Joyce Dória está concluindo os estudos na Politeia, após um percurso de quatro anos que começou com a saída da escola particular que estudava, na zona norte da capital paulista. A transição foi um "alívio”, segundo ela. "Era uma escola muito tradicional, a diretora mandava em tudo, ninguém me escutava. Aqui é totalmente diferente”, afirma a estudante.

A jovem, que hoje pesquisa as manifestações ocorridas em junho, revela que no espaço da Politeia perdeu a timidez e aprendeu a falar em público. "No começo aqui, sempre que eu ouvia um ‘não’, ficava revoltada, brava, mas aprendi a conviver e me ver como parte disso, porque eu também ajudo a construir as regras”, diz Joyce, que também destaca que, na nova escola, os principais aprendizados foram "autonomia e responsabilidade”.

A transição foi acompanhada por seu irmão, que tem Síndrome de Down. Segundo ela, ele costumava sofrer muito preconceito na escola antiga, o que a enfurecia, mas hoje em dia não há qualquer motivo para isso. "Aqui não trabalhamos com o conceito de inclusão, porque ele já parte dizendo que alguém foi excluído. Todos têm suas dificuldades e suas habilidades”, pondera o educador Yvan.

À casa torna
Em sua curta caminhada, um caso marcou bastante o experimento da Politeia. Um ex-estudante, o primeiro a se formar na escola democrática, teve que encarar a tarefa de se adaptar a um colégio tradicional. Ao tentar passar na prova de admissão, se deparou com dificuldades. Ao retornar à Politeia, armou um roteiro de estudos e em pouco tempo havia dominado os conhecimentos necessários para se integrar à nova etapa de sua vida.

Hoje, ele retorna regularmente para a antiga escola para ajudar os formandos, coordenando um Grupo de Estudos especialmente voltado para isso. Serão sete neste ano que devem se preparar para as provas que virão.
"Nós queremos que os estudantes conquistem os instrumentos para que possam ser o que quiserem”, reflete Yvan, ao lembrar-se deste caso. "Essa história confirmou uma hipótese que tínhamos ao fundar essa escola: de que é possível preparar um sujeito, ao dotá-lo de liberdade e habilidades, para que ele seja participativo, solidário e questionador”, reflete.

Como funciona a educação democrática na Politeia

Fórum de Resolução de Conflitos: Quando há algum conflito, o estudante ou o professor escreve em um papel quem são os envolvidos e afixa em um painel. Em seguida, há uma reunião entre as partes conflitantes e dois mediadores, um estudante e um educador. Não há advertência ou suspensões e as questões costumam ser resolvidas no diálogo.

Conselho: Uma vez a cada dois meses, os pais se reúnem com os filhos e a equipe da escola para discutir as questões escolares. Planilhas de gasto da escola são abertas e todos tem voz e voto igual. Inclusive os alunos.

Professor, tutor ou educador? "O papel do professor é importante, mas ele não é o detentor do conhecimento. Aulas expositivas não são encorajadas, mas ele tem que preparar fichas, materiais. Preferimos diálogos, rodas, pesquisas”, afirma Osvaldo, que lembra que os novos educadores passam pelo crivo dos alunos para serem contratados. "O novo professor tem que fazer uma atividade e os estudantes vão escolher o contratado”.

Provar o quê? "Prova machuca, dá medo, deixa o estudante nervoso”, relata Joyce, 14. Na Politeia, os estudantes passam por uma autoavaliação sem nota, além de um acompanhamento dos educadores sobre seu desempenho, em constante diálogo com os pais. "A prova é uma fotografia. Nós olhamos o processo como um todo, em ciclos”, afirma o educador Osvaldo.

Fonte: Portal Aprendiz - Pedro Ribeiro Nogueira

(Editor: Otávio Araújo)

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

OBRIGATORIEDADE DE BIBLIOTECAS EM ESCOLAS DA EDUCAÇÃO BÁSICA ESTÁ NA PAUTA DA CE

A Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) deve concluir, no dia 10/09, a votação do projeto que obriga a criação e a manutenção de bibliotecas em todas as escolas públicas da educação básica federal, estadual e municipal. Além disso, a proposta exige a contratação de bibliotecários.

O relator da proposta (PLC 28/2012), senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), lembrou que as bibliotecas escolares auxiliam no aprendizado, na consolidação do conhecimento acadêmico e geral e no exercício da cidadania.

Para Cássio, a questão é ainda social já que, para muitos estudantes das escolas públicas de educação básica, essas bibliotecas são um dos poucos meios de contato com a leitura fora da sala de aula.

O senador apresentou um substitutivo ao projeto do deputado Sandes Júnior (PP-GO) para que a implementação das bibliotecas aconteça não só nas escolas públicas, mas também nas instituições particulares. O prazo para aplicação da proposta também foi alterado: três anos a partir da publicação da lei e não cinco anos como previa o projeto original.

Como foi aprovado substitutivo, a proposta será apreciada em turno suplementar. Em seguida, deverá ser encaminhada à Câmara para que os deputados analisem as mudanças propostas pelos senadores.

http://www12.senado.gov.br/noticias

Fonte: Agência Senado

(Editor: Otávio Araújo)

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Governo não consegue atrair estudantes para a carreira de professor

A população brasileira nunca mais terá tantos jovens quanto agora. O alerta dado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no mês passado lembrou que o país deveria lançar mão dos jovens de hoje para construir a riqueza do Brasil de amanhã. O primeiro passo, a melhora da qualidade da educação, entretanto, está em marcha lenta. Há um ano, quando foi divulgado o resultado do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que revelou a estagnação do ensino médio, o governo federal anunciou uma reforma que, até agora, praticamente não saiu do papel. No bloco de propostas do Ministério da Educação (MEC) e do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Cosned), estava incluída a renovação do currículo e a mudança dos conteúdos para torná-los mais atrativos aos adolescentes. Os órgãos dizem que trabalham em um novo desenho para o ensino médio e que há uma série de ações em curso. Especialistas pedem urgência nessa modernização e mais incentivos aos estudantes que queiram investir na carreira de professor.

Autor de um artigo sobre a reforma feita na década de 1990, o professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) João dos Reis Silva Júnior destaca que a principal mudança tem que ser feita na formação dos docentes. Ele cita um estudo da Fundação Carlos Chagas (FCC) que aponta que os alunos valorizam a profissão, mas buscam outra carreira por causa do baixo prestígio e da remuneração pouco atraente. "Além de não querer ser professor, o estudante, quando chega no ensino superior, não consegue acompanhar o ritmo, por melhor que seja o curso de formação de docentes. E não consegue porque a formação escolar foi ruim. O índice de evasão na licenciatura é elevadíssimo”, avalia. E quem se forma, segundo ele, não vai dar aulas no ensino público. "Por isso, pode reformar o ensino médio o quanto quiser. Se não melhorar o ensino superior, não resolve”, diz o acadêmico, pessimista.

Outra preocupação de Reis Silva é com o modelo educacional, cada vez mais alinhado com o mercado de trabalho. "A prioridade na pesquisa aplicada em detrimento da ciência humana e a demanda por profissionais do setor produtivo fazem com que as universidades não sejam boas”, avalia. Segundo o professor, um exemplo é o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). "Em vez de investir no ensino público de qualidade, o governo dá bolsa para o aluno cursar em um instituto privado”, analisa. O professor, entretanto, destaca que o processo de renovação dessa fase do ensino é constante. "No governo Fernando Henrique, vivemos outro período de mudanças, que foi da educação infantil até a pós-graduação”, acrescenta. Segundo ele, mesmo com dificuldades, a necessidade de atualização continua recorrente.

www.correiobrasiliense.com.br

(Editor: Otávio Araújo)

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

A criança é um ser ávido por conhecimento

Nem sempre é fácil perceber que por trás da figura de um bebê indefeso existe um ser ativo, ávido por conhecimento e dotado de uma capacidade de se articular (a sua maneira) com o mundo que o rodeia. Considerar a autonomia dos pequenos, percebê-los como seres capazes de absorver conhecimentos e também de aprender, principalmente a partir de processos de troca, é o primeiro passo para que pais, professores e sociedade possam contribuir da melhor forma – e cada vez mais cedo – com esses seres em construção. Essas são algumas das principais premissas que serviram de base para o lançamento da campanha Toda Criança Pode Aprender.

Liderada pela ONG Laboratório de Educação, o projeto tem como principais objetivos disseminar na sociedade a ideia de que toda e qualquer criança tem condições de aprender e que o aprendizado ocorre a todo o momento. Quer dizer, não importa a condição social, racial ou étnica, qualquer criança pode aprender na escola ou fora dela. Nascida originalmente em 2010, a campanha ganhou mais força e visibilidade neste ano, a partir do lançamento, em agosto, de um portal interativo e de uma página mobilização nas redes sociais.

As interações e processos de troca comunicativos entre os pais e bebês podem ser efetivados da maneira mais singela possível e muito antes do que muitos imaginam. Ainda quando estão na barriga, os bebês conseguem reconhecer a voz da própria mãe e até dos ambientes que os rodeiam, por isso a importância da conversa durante a gravidez. Ao aprender um pouco da língua da mãe, ao nascer, o bebê chega até a produzir um choro com "sotaque”. Assim como ocorre na fala, crianças francesas, por exemplo, terminam o choro tendendo para notas agudas, afirma a consultora americana especialista no tema, Annie Muphy. E não faltam estudos que comprovem que quanto mais cedo os pais lerem para os bebê, maiores as chances do pequeno se tornar um leitor frequente quando adulto.

"O site tem como objetivo, em geral, dar visibilidade para o quão sofisticado pode ser o pensamento infantil, mesmo em situações aparentemente muito simples. A ideia que está por traz de cada texto que incluímos lá é sempre evidenciar o quanto as crianças são capazes e como as elas estão ligadas 24 horas aprendendo e absorvendo tudo que recebem”, afirma Beatriz Cardoso, diretora executiva do Laboratório da Educação. Focada na sensibilização de mães, pais, avós ou qualquer adulto que se relacione com crianças, a campanha busca esclarecer algumas questões presentes nessa interação a partir das informações vinculadas na internet.

Dividido em sete principais seções, o site dá espaço para o esclarecimento das principais dúvidas do pais, além de dicas de como potencializar o processo de aprendizagem das crianças. Sugestões de como aproveitar um passeio ao museu ou propor uma discussão sobre alguns filmes são alguns dos exemplos presentes na seção Quer uma dica?. Ainda há espaço – o Com a Palavra – para textos de especialistas sobre primeira infância e, claro, uma seção Te Peguei, para qualquer pai ou mãe se identificar instantaneamente. São relatos extraídos de livros e situações reais em que as crianças trocam algumas palavras e o entendimento produzido por elas rendem risos fáceis. Afinal, quem nunca ouviu que a mulher do príncipe é a "príncipa”?

http://porvir.org/porfazer/a-crianca-e-um-ser-avido-por-conhe cimento/20130905

Fonte: Portal PORVIR

(Editor: Otávio Araújo)

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Professor cego mostra em livro como ensinar física para quem não enxerga


Eder Camargo pesquisa formas não visuais de ajudar no ensino da matéria.

Ele perdeu visão aos 9 anos e hoje tem pós-doutorado pela Unesp.

O professor de educação para a ciência Eder Pires de Camargo, que dá aulas na Universidade Estadual Paulista (Unesp), reuniu em um e-book ferramentas úteis para professores ensinarem física a alunos que não enxergam. Lançado neste ano pela Editora Unesp, o livro avalia os obstáculos para incluir os estudantes cegos no aprendizado de conhecimentos como óptica, eletromagnetismo, mecânica, termodinâmica e física moderna, e sugere formas de viabilizar a participação e o entendimento desses alunos. O livro pode ser acessado gratuitamente pela internet.

Em entrevista ao G1, Camargo explicou que este é o terceiro livro produzido por ele a respeito da educação inclusiva de conteúdos de física. Seu quarto livro, no qual ele pretende propor modelos teóricos para melhorar a formação dos professores nesta área, já está nos planos.

Desde 2007, ele dá aulas na Unesp para futuros professores de física e afirma que já tem obtido resultados interessantes. O professor explica que decidiu pesquisar o tema, entre outros motivos, porque perdeu a visão a partir dos 9 anos de idade. Além disso, "em ordem primeira de importância, este é tema de grande necessidade social", disse o professor.

"Pensei em estudar formas de ensinar física para um aluno com a mesma deficiência que a minha, para facilitar o acesso desse aluno a um tipo de conteúdo amplamente relacionado à visão, não que em sua natureza seja, mas por uma cultura de videntes esta área do conhecimento acabou sendo tornada dependente da visão", afirmou Camargo. Hoje, aos 40 anos, ele tem pós-doutorado e dá aulas na graduação e pós-graduação da Unesp em Bauru e em Ilha Solteira.

O livro é resultado da pesquisa de pós-doutorado do professor, realizada a partir de 2005 sob a supervisão do professor Roberto Nardi, da Unesp de Bauru.

Ele tenta driblar costumes que estão enraizados na dinâmica de uma sala de aula, onde o professor usa ao mesmo tempo sua fala e a informação visual para se comunicar com os alunos. "Se utiliza muito um tipo de linguagem que envolve o áudio e a visualização simultânea da informação. Por exemplo: "note as características desse gráfico" (professor indica o gráfico na lousa), "isto mais isto dá isto" (indica a equação)", explicou ele.

Dessa forma, segundo Camargo, o estudante cego não consegue participar da aula e sequer tem condições para formular perguntas a respeito do que está sendo ensinado, porque só tem acesso parcial ao conteúdo. "Mais de 90% dos momentos de comunicação em sala de aula de física utilizam o perfil que descrevi. Nisto reside uma parte das dificuldades enfrentadas pelo aluno cego."

Segundo ele, não há soluções definitivas para ensinar todos os conteúdos de física para quem não vê, mas é preciso dar mais atenção a outros canais de comunicação. "De um lado, não podemos comunicar coisas estritamente visuais a um cego total de nascimento. Contudo, de outro, nos faz pensar que as outras experiências (táteis, auditivas etc) são fundamentais para a construção de realidade, pois, pelo contrário, como estaria o cego no mundo? Ele é um individuo que está ai, pensa, vive e muito bem sem a visão."

Metodologia
Para entender como superar esse obstáculo, ele passou um ano coletando dados com a ajuda de estudantes de licenciatura em física e 35 alunos videntes e dois cegos. "Na primeira parte, desafiamos futuros professores de física da Unesp de Bauru a planejarem materiais e atividades de ensino de física adequadas para a participação de alunos com e sem deficiência visual. Na segunda parte da pesquisa, esses futuros professores aplicaram módulos de ensino de física sobre cinco temas. O curso todo levou 80 horas."

As aulas foram gravadas em vídeo e, depois do curso, todos os participantes da pesquisa foram entrevistados. "A análise desses materiais foi realizada durante os outros anos da pesquisa, 2006 a 2009", explicou Camargo.

Não sei por que, depois de um tempo, na escola tudo se torna enlatado em livros e lousa e giz, de tal forma que toda aquela criatividade do ensino infantil é esquecida"

Eder Pires de Camargo professor da Unesp

Segundo ele, uma das formas pelas quais é possível driblar os hábitos de comunicação excludente na sala de aula é ensinando por meio de maquetes táteis. Ao transferir o conteúdo dos gráficos e esquemas da lousa para um modelo 3D, não só é possível incluir os alunos cegos, mas a ferramenta também pode facilitar o processo de aprendizado dos colegas videntes, além de incentivar a interação entres os alunos.

Outros materiais que podem ser usados são barbante, arame, massa de modelar, isopor e pregos, entre outros. "Não sei por que, depois de um tempo, na escola tudo se torna enlatado em livros e lousa e giz, de tal forma que toda aquela criatividade do ensino infantil é esquecida. Não estou dizendo contra livros e lousa, e sim criticando seus usos exclusivos", afirmou Camargo.

Além disso, outra diferença nos hábitos do professor, na hora de pensar em como dar uma aula acessível para quem não consegue enxergar, é a necessidade de planejamento com maior antecedência. Isso permite a construção dos modelos adequados para o ensino do conteúdo específico da aula. Por isso, ele defende que, além do incentivo à formação qualificada do professor, é preciso que o governo dê, no caso das escolas públicas, a infraestrutura necessária para que o trabalho seja feito.

Na opinião do professor, essas condições ainda não são satisfatórias. Mas Camargo defende que de nada adianta constatar o estado das coisas hoje, principalmente considerando o sistema atual de ensino. "Eu diria que torna-se muito complexo e contraditório falar em inclusão no atual modelo de escola e sociedade, cujo ensinamento central é a competitividade e o acúmulo, valores divergentes aos apregoados pela inclusão.

Por isto, é preciso falar em inclusão em seu sentido prospectivo, porque a inclusão não está pronta, constituindo uma meta a ser atingida, uma meta de uma nova sociedade e de um novo modelo social."

http://g1.globo.com/

Fonte: Do G1, em São Paulo - Ana Carolina Moreno.

(Editor: Otávio Araújo)

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Educação a distância pode ajudar a preencher as lacunas do ensino

Enquanto em países como Chile, Argentina, Estados Unidos e Reino Unido mais de 30% dos jovens frequentam a universidade, esse número cai para aproximadamente 15% no Brasil. "Como vamos competir com esses concorrentes no cenário global?”, pergunta-se o professor Fredric Litto. E ele mesmo responde: "educação a distância é a única forma de correr atrás do prejuízo”.

Em palestra apresentada no dia 27 de agosto, o presidente da Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED) e professor aposentado da Escola de Comunicação e Artes (ECA) da USP apresentou e questionou os diversos mitos que cercam a educação a distância (EAD) no Brasil e entravam o desenvolvimento dessa modalidade. Sua fala trouxe à tona questões que envolvem não apenas a discussão sobre a qualidade da EAD, mas também ideias do senso comum que aumentam a resistência à modalidade.

Uma delas baseia-se na noção de que o ensino a distância é uma novidade. Litto lembra que a Universidade de Londres trabalha com essa abordagem desde 1858, com cursos por correspondência, e que foi a partir de cursos como esse que Mahatma Gandhi e Nelson Mandela concluíram seus estudos superiores. Litto ressalta também que a EAD não é composta apenas de conhecimentos estruturados em forma de curso, mas incluem ainda os acervos digitais, a realidade virtual, entre outros formatos que envolvem a mediação virtual, sem caracterizar-se como um curso.

Outro mito é o de que a aprendizagem a distância acontece sempre integralmente a distância. Esse processo pode ser misto, como é o caso da Licenciatura em Ciências da USP, o primeiro curso semipresencial oferecido pela instituição. Foi a convite do professor Gil da Costa Marques, professor do Departamento de Física Experimental e coordenador geral da Licenciatura em Ciências, que Litto veio apresentar a palestra, como parte de um esforço em trazer o tema à Universidade.

Marques acredita que a superação dos mitos abordados por Litto já está acontecendo na USP. "Nós já começamos esse processo mediante o oferecimento do curso e estamos demonstrando, na prática, que esse é um modelo que pode funcionar muito bem”, afirma o professor, que ressalta que o desempenho desses alunos é o mesmo dos alunos dos cursos presenciais. "Acho que a primeira coisa que deveríamos fazer, já fizemos, que é experimentar. E a partir dessa experiência, vamos procurar avançar”, completa.

Pesquisa na área precisa amadurecer
O avanço necessário em relação ao ensino a distância envolve, além da superação dos mitos, o desenvolvimento de pesquisas na área que explorem as possibilidades da modalidade. "Continuamos, infelizmente, presos a questões políticas, normas, legislação. Precisamos de muito mais alternativas pedagógicas, alternativas tecnológicas”, afirma Litto.

Nesse sentido, o professor Gil da Costa Marques observa o momento oportuno para a universidade avançar nas pesquisas sobre ensino a distância. "Precisamos pesquisar novas modalidades, fazer análises comparativas de desempenho, de eficácia. De, outra forma, a universidade vai ser atropelada. Esse é um momento que não tem mais volta, então ou a universidade entende isso e participa ativamente ou então estamos fadados ao insucesso”, alerta.

O ambiente multidisciplinar que envolve o aprendizado a distância pode colaborar com esse avanço e superar o "atraso lastimável” que nossa herança histórica trouxe à educação. "Eu noto nesses últimos anos que quase todo mundo que trabalha com EAD aqui no Brasil, assim como no exterior, não foi preparado para ser um profissional de educação a distância. São profissionais de diversas áreas, o que é muito bom, pois traz uma riqueza de experiências acadêmicas”, pondera Fredric Litto.

Fonte: Agência USP

(Editor: Otávio Araújo)

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

COMISSÃO APROVA POLÍTICA DE PREVENÇÃO À VIOLÊNCIA CONTRA PROFESSOR

A Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado aprovou na quarta-feira (28) proposta que cria a política de prevenção à violência contra os profissionais do magistério. O texto prevê medidas punitivas como o afastamento temporário ou definitivo do aluno ou funcionário violento ou a transferência do estudante infrator, assim como a licença remunerada do professor que estiver em situação de risco.

A medida foi aprovada conforme substitutivo do relator, deputado Otavio Leite (PSDB-RJ), ao Projeto de Lei 604/11, do deputado Manoel Junior (PMDB-PB). À proposta inicial, o relator acrescentou que os municípios deverão instituir serviço gratuito de atendimento telefônico destinado a receber denúncias de agressões contra professores nas escolas.

Essa medida estava prevista no PL 1225/11, do deputado Weliton Prado (PT-MG), que tem análise conjunta com o PL 604.

Agente público
O projeto equipara os professores de escolas particulares, desde a educação básica até o ensino superior, a agentes públicos para medidas de punição. Com isso, o infrator ocupante de cargo em escolas terá a pena aumentada em um terço.

A proposta também quer estimular a discussão sobre atos de violência física e moral nas escolas, universidades e comunidades, com a participação de entidades de estudantes e acompanhamento dos ministérios da Justiça e da Educação.

Para Otavio Leite, as medidas previstas representam ações para enfrentar a violência e a indisciplina que têm caráter semelhante ao educativo. "Afinal, a punição administrativa ou penal, como restringir a liberdade de alguém, também é, precipuamente, educativa”, sustenta.

Tramitação
O projeto ainda será analisado pelas comissões de Educação; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania, inclusive no mérito. Em seguida será votada pelo Plenário.

http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/

Fonte: Agência Câmara

(Editor: Otávio Araújo)

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Redenção: Desfile cívico vai abordar educação no trânsito

O tradicional desfile cívico realizado todos os anos pela Prefeitura de Redenção, em homenagem ao 7 de Setembro, Dia da Independência do Brasil, este ano vai reunir aproximadamente sete mil estudantes das escolas municipais, além de representantes de várias entidades.

Segundo a Secretaria Municipal de Educação, que é responsável por toda a programação, o desfile está marcado para começar às 15 horas. Neste ano, adotou-se um tema geral: “Educação no Trânsito: Liberdade e Segurança”, que será trabalhado por todas as escolas durante a programação cívica.

A concentração do desfile será na praça Novo Tempo e o palanque ficará próximo ao Banco Bradesco. Será um desfile com a participação de outras instituições, como Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Pastoral da Criança, CRAS, Recanto Gerações, escolas estaduais e telecentros. Este ano também, as escolas da zona rural se organizaram para, em sua localidade, apresentarem um desfile e festividade.

SEMANA DA PÁTRIA

Na última segunda-feira (2), iniciou a Semana da Pátria em todas as escolas da rede municipal. Durante essa semana será integradas às atividades escolares o tema da Independência. (Paulo Carrion/Ascom)

(Editor: Otávio Araújo)

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Busque sintonia entre a educação oferecida na escola e no lar

O período escolar é uma fase muito importante da vida da criança e do adolescente. Será no colégio onde eles passarão o maior período de seus dias, e onde encontrarão amigos e reforçarão valores.

Para ajudar pais a escolherem com tranquilidade, ZH ouviu especialistas sobre o que observar no momento de buscar uma escola.

Dicas
— A proposta pedagógica pode ser o ponto de partida para os pais definirem a escola mais adequada para seu filho. É preciso estabelecer quais valores e objetivos a família quer transmitir para que haja sintonia na educação, dentro e fora de casa.

— A qualidade de ensino, assim como os princípios morais e éticos, devem ser priorizados na escolha porque vão influenciar o futuro da criança durante seu desenvolvimento e crescimento. Por isso, é importante observar o Índice de Educação Básica (Ideb) da instituição. O desejável é que esteja acima de 4,0.

— Conhecer a metodologia de ensino, os materiais didáticos e pedagógicos e a forma de utilização dessas ferramentas são fundamentais para a qualidade da educação. Até mesmo a periodicidade das reuniões de pais e mestres, assim como as atividades planejadas com envolvimento da família, devem ser observadas a fim de viabilizar uma relação mais produtiva.

— Também é preciso conhecer a forma de avaliação. Os pais precisam confiar nos critérios estabelecidos para transmitir segurança à criança que, dessa forma, terá melhor desempenho.

— Outro item a considerar é a formação dos professores. Verificar se todos são graduados em Pedagogia, se há uma política de capacitação continuada e procurar descobrir quais os cursos mais recentes realizados pelos educadores. A escola precisa assegurar aos profissionais um processo de formação que resulte na qualificação do trabalho pedagógico, a fim de estimular as habilidades e competências dos estudantes.

— Fazer visitas à escola, sempre em horário de aula, é outra tarefa importante para chegar a uma definição. Ver as crianças participando de atividades e alegres é um ótimo indicativo. Avaliar como é trabalhada a adaptação de bebês e alunos novos faz toda a diferença. Os espaços devem ser adequados para ensinar e aprender.

— É bom não se deixar levar por uma bela decoração ou status, mas encontrar um ambiente agradável ao ensino, em que o aluno fique à vontade para facilitar o aprendizado. Por isso, em uma das visitas, ele deve estar presente e suas reações vão ajudar na escolha.

— A pesquisa deve começar pelas escolas próximas à residência, o que poderá resultar em economia de transporte e na segurança de ter o filho estudando perto de casa. A localização, no entanto, não deve ser priorizada em detrimento à metodologia de ensino, que precisa estar sintonizada com os valores familiares.

Fontes: Beatriz Kulisz, professora da Faculdade de Educação da PUCRS, Maria Cristina Bortolini, professora da Faculdade de Educação da UFRGS, e Regina Urmersbach, do curso de Pedagogia da Unisinos

Fonte: Zero Hora

(Editor: Otávio Araújo)