quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Tecnologia ainda não substitui professor, dizem especialistas em evento da Fundação Clinton

As tecnologias do século XXI ainda não substituem a figura do professor. Na verdade, elas servem como ferramentas para o docente. Essas foram as principais conclusões da mesa de debates "Aprimorando a Qualidade da Educação Através da Inovação Tecnológica”, promovida pelo Clinton Global Iniciative nesta segunda-feira no Copacabana Palace.
Moderado por Shannon Schuyler, da PricewaterhouseCoopers, o evento contou com a presença de quatro nomes da Educação na América Latina. Responsável por desenvolver softwares e plataformas educacionais para jovens de baixa renda no México, o diretor da Enova, Jorge Camil Starr, acredita que computadores ou outros aparelhos eletrônicos nunca substituirão a função do docente ou tornarão o aluno um autodidata.
- Precisamos desenvolver projetos que deem autonomia ao professor, e não que o eliminem. O modelo de autodidatismo 100% online não funciona. Por mais fácil que seja um programa, ainda assim o aluno precisa de um mentor ou um tutor, e essa pessoa é o professor. Ele é um facilitador da aprendizagem - afirmou o especialista.
A peruana Daniella Raffo concorda. Diretora do Innova Schools, rede de escolas com modelos curriculares diferenciados e onde cada aluno tem um computador, Raffo chama atenção para a situação cada vez mais frequente onde a própria criança sabe mais sobre o mundo da tecnologia do que o próprio professor. Por isso, para ela, é preciso treiná-los antes de tudo:
- No século XXI, muitos alunos já trazem de casa experiências com aparelhos eletrônicos, e, por isso, eles aprendem mais facilmente a mexer em softwares. Já os professores são de outra geração, mais antiga, e muitos apresentam certa resistência em aprender a ensinar com recursos tecnológicos. Precisamos orientá-los para que eles saibam lidar com situações onde eles podem saber menos que seus próprios alunos - afirma.
Já o uruguaio Miguel Brechner, lembrou dos gargalos de infraestrutura que dificultam o avanço das tecnologias em direção às salas de aula. Brechner é presidente do Plano Ceibal, que leva um laptop para cada estudante no Uruguai. Para ele, são os governos que devem primordialmente oferecer condições de logística para que a iniciativa privada entre com as iniciativas inovadoras. Sem isso, não adiantaria discutir sobre tecnologia na escola.
- Venho do Uruguai, país pequeno, onde decidimos que cada criança deveria ter direito a acesso a um computador, do mesmo jeito que elas têm direito à educação ou energia elétrica. Precisamos resolver primeiro o problema da infraestrutura, e uma vez feito isso, partimos então para o programa de treinamento de professores - disse o presidente do Plano Ceibal.
Por sua vez, a gerente do programa Parceiros no Aprendizado da Microsoft América Latina, Mariana Maggio, lembrou questões acadêmicas que ainda devem ser enfrentadas por diversos países na região, como a crise nos modelos curriculares do ensino médio. Segundo ela, as novas tecnologias podem ajudar educadores a enfrentar esses problemas, contanto que haja boa vontade e esclarecimento:
- Milhões de professores poderiam estar participando conosco desse debate se soubessem usar o Twitter - destacou Mariana.

http://oglobo.globo.com/

Fonte: O Globo - LEONARDO VIEIRA

(Editor: Otávio Araújo)

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